20 de agosto de 2010

Linhas...


Passo a passo escrevo as linhas do meu futuro, não deixo uma só palavra escapar dos meus olhos, pois isso iria mostrar que não vejo as pedras no meu caminho. Cada letra levemente escrita é colocada no papel , como algo vivo que sai do inanimado e que expande-se pelo ambiente, de maneira contagiante animando cada prato, cada xícara.
Mas agora não escrevo linhas sobre o meu futuro, agora coloco meu presente no papel em branco.
Num presente confuso que vivencio vivo cercado de dúvidas, sem saber ao certo se posso responder minhas perguntas... Na verdade, é certo que não responderei. Um simples e breve olhar para o lado me traz ótimos sonhos, no qual tenho atenção , que seus olhos encontram os meus, que meus braços encontram seus abraços e que sua boca encontre a minha...Mas ao mesmo tempo que tudo surge estes nobres pensamentos desaparecem como fumaça, não aparecem como a elipse de uma oração... Mas como digo, minha elipse insiste em aparecer, mas não quero sua existência em minhas frases, ela deve sumir, por mais que isso doa e castigue os tons líricos de meus textos, a elipse deve sumir de vez.
Meus sonhos estão muito próximos de serem alcançados, basta qualidade neste primeiro passo. Tudo depende da minha sabedoria, de saber fazer boas escolhas... Boas escolhas trazem a sensação de liberdade, que podes pensar e escrever belas linhas , fazer um longo caminho, cheio de glórias e de plenitude. Mas tudo isto depende de um bom primeiro passo. Atualmente sacrifico-me para deixá-lo firme, porém uma mistura de sentimentos deixam os pés em uma corda bamba, meu coração vira um equilibrista que tende para dois lados opostos: A razão e a emoção.
Pensar de maneira racional é dávida, nossa, pobres mortais. O raciocínio te dá asas para voar ou pousar sobre o desconhecido, lhe dá grandes olhos para se poder ver o inesplicável, algo com que uma simples observação , torna-se impossível. A emoção te leva a um caminho único, o infinito particular. Olhar-se para dentro e entender oque se vê é complicado, pois jamais seríamos capazes de entender o quanto somos complexos e como o real interfe no particular. Tantas linhas, tantos caminhos a seguir é dificil decidir como começar o melhor parágrafo.
As indas e vindas da vida começam os parágrafos, as vírgulas isolam os apostos, os opostos da vida, as reticências marcam momentos que ainda irão receber um fim, porém pode-se encontrar vígulas , reticências, mas em meus parágrafos, os meus sonhos jamais terão ponto final.
Não deixarei a janela aberta para que esta através do vento leve pouco a pouco minhas linhas, não deixarei o vento pendurar meus sorrisos, minhas tristezas em qualquer varal por aí, mas se uma grande tempestade fazer voar minhas linhas, peço que apague-as . Começarei outro parágrafo, outro verso... Farei nova poesia!
Iniciarei o mesmo processo, sentar-me a escrivaninha, buscar mais e mais folhas em branco e escreverei minhas linhas. As antigas voaram por aí, ficaram passadas, presas em algum varal por aí. Já estão secas, mas não ser retiradas de lá, devem ficar até que o vento as varra e as faça desaparecer, como a elipse das minhas orações. Ah!, como desejo um vendaval em meu peito, para que este varra a elipse para longe... Mas não quero que varras meu sorriso, minha certeza... Melhor dizendo, não vente por aqui!
Ás vezes pergunto-me se cada linha que escrevo faz sentido, se estas farão diferença, se existirá ao menos um leitor. Coloco meu universo particular em cada palavra, para ser lido e talvez entendido... Porém não há leitores.
Se algum dia, caro leitor, se tiveres entregue ao ócio, leia-me, entenda minhas linhas. E se quiser reescreve-as ou escreve-as para ti e dê fim as reticências, crie belos apostos... Mas peço não fique entre vírgulas, e muito menos, não se dê um ponto final.

Mari Pereira

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